Inovação no setor público: um sonho possível?

Sumário

Se você tem uma pendência para resolver com algum órgão público, pode ser que se depare com processos burocráticos e morosos pela frente. Ou talvez você se surpreenda ao receber um atendimento ágil, eficiente e em grande parte automatizado. Enquanto a primeira situação acontece com frequência, a segunda é menos comum e, provavelmente, trata-se de um exemplo de inovação no setor público.  

Mas por que é muito mais raro ver a prática da inovação no setor público do que no privado? Precisamos considerar que há uma diferença considerável na lógica de funcionamento dessas instâncias. As empresas privadas são pressionadas a inovar em razão da competitividade de mercado e, caso fiquem obsoletas, podem falir. Essa não é a realidade das instituições públicas, que seguem ativas independentemente da forma como atuam.

Por outro lado, existe a pressão da sociedade. As pessoas querem uma prestação de serviços com qualidade e cobram por inovação no setor público. É isso que impulsiona o desenvolvimento de iniciativas para integrar a cultura de inovação às instituições públicas ou criar soluções por meio de parcerias com empresas privadas.

Neste artigo, vamos imergir no assunto para explicar a importância da inovação no setor público, os caminhos possíveis para modernizar seus serviços e as barreiras que dificultam o avanço nesse sentido. 

Por que a inovação no setor público é importante?

Vamos supor que você precisa ir até a prefeitura da sua cidade para solicitar a emissão de um documento. Ao chegar lá, encontra poucas pessoas trabalhando e uma longa fila de espera para atendimento. Quando chamam a sua senha, você ainda tem que enfrentar um sistema de gestão lento com informações desatualizadas. Resultado: para emitir um único documento, você precisa de uma manhã inteira.

Se essa experiência já é desagradável para você, imagine as pessoas que passam por problemas graves e ficam carentes de apoio do Estado. Não é novidade para ninguém que o setor público falha na solução de diversas questões sociais, principalmente aquelas que afetam as camadas mais vulneráveis da população. Sendo assim, como o potencial da inovação pode ajudar a mudar esse cenário?

Quando falamos em inovação no setor público, estamos nos referindo a mudanças em estruturas que não suportam mais as transformações constantes da sociedade. Isso quer dizer que a tecnologia precisa ser inserida nas instituições públicas de forma a automatizar tarefas, permitir o envolvimento de profissionais em atividades mais complexas e criar um ambiente de rápida adaptação às mudanças.

Desafios da inovação no setor público

Parece simples, né? Afinal, temos os recursos disponíveis no mercado. Mas existem algumas características das instituições públicas que se mostram verdadeiras barreiras para a inovação. Uma delas é a rotatividade de gestores e equipe técnica, que, junto ao conflito de interesses políticos, dificulta o estabelecimento de projetos a longo prazo.

Outro aspecto é a centralização do poder decisório, já que a administração pública costuma ser guiada por uma rígida hierarquia. Há pouco estímulo para quem não está em cargos de gestão contribuir com ideias e sugestões de melhorias. A burocracia, com excesso de normas e sistematização, também desencoraja a inovação.

De modo geral, não há uma abertura para mudanças na organização do trabalho em órgãos públicos. As atividades são realizadas com base em orientações predefinidas. Além disso, geralmente faltam profissionais, recursos financeiros e estruturais.

inovação no setor público

Como fazer a inovação no setor público acontecer?

Você pode estar pensando que, diante de um contexto com as limitações que mencionamos, a inovação no setor público se torna praticamente inviável. Mas isso não é verdade! Já existem iniciativas que nos mostram o contrário, como o iGovSP – Rede Paulista de Inovação em Governo.

O iGovSP favorece a gestão do conhecimento nas secretarias do Governo do Estado de São Paulo. As equipes podem compartilhar informações e experiências por meio de blog, site ou YouTube, promovendo a disseminação de ações bem-sucedidas. A troca contínua entre profissionais que trabalham em diversas frentes funciona como um impulsionador para a geração de novas ideias.

O que outras instituições públicas podem fazer para desenvolver projetos similares ao de São Paulo e incentivar a inovação? Uma prática que tem sido adotada pelo setor público é a organizações de hackathons, eventos que reúnem pessoas com o objetivo de usar a tecnologia para resolver desafios específicos.

Embora os hackathons sejam bastante eficazes para solucionar problemas, os órgãos públicos precisam manter uma inovação constante e, de fato, implementar os projetos desenvolvidos. Veja a seguir quais são as duas alternativas para criar um fluxo contínuo de geração de ideias, testagem e implementação.

Laboratórios de inovação

Os laboratórios de inovação, conhecidos como i-labs, são unidades criadas com o propósito de gerar inovação e vinculadas a um órgão público. Uma equipe fica dedicada exclusivamente à criação de novas propostas – sejam serviços ou processos – e tem um espaço seguro para a realização dos testes necessários.

Para cumprir a sua função, os i-labs são geridos de forma horizontal, incentivando a colaboração e o engajamento das pessoas. Os laboratórios atuam com inovação aberta, coleta de dados e experimentação, reunindo especialistas de diferentes áreas do conhecimento, representantes do governo e cidadãos.

Parcerias do setor público e privado

Algumas empresas, em especial startups, direcionam esforços para a oferta de soluções inovadoras ao setor público. Essas parcerias entre o setor público e privado costumam ser vantajosas para ambos os lados. As empresas conseguem alcançar uma escala grande, impactando a vida de muitas pessoas, e as instituições públicas se beneficiam por ganhar eficiência com a inovação.

Para atuar com o setor público, as empresas privadas devem estar formalizadas, com as obrigações fiscais quitadas e documentação atualizada. A forma de contratação do governo envolve processos burocráticos, como concorrência em licitações ou realização de convênios. Os empreendedores que desejam oferecer serviços a órgãos públicos precisam acompanhar o lançamento de editais e estar por dentro da legislação de contratos da administração pública, como a Lei nº 8.666/93.

O primeiro passo para aproveitar as oportunidades de inovação no setor público é se inserir no ecossistema local, compreender as demandas e estabelecer conexões de valor. Em Rondônia, você encontra tudo isso no Hub.Ro. Fique por dentro do calendário de eventos e se envolva ativamente com a sua comunidade!

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